Como lidar com o medo do fracasso e superar o receio de errar? Dar o primeiro passo e tirar uma ideia do papel nem sempre é algo fácil. Então, como impedir que esses temores nos impeçam de correr atrás do que queremos?
Para algumas pessoas, começar algo novo soa como um desafio, capaz de fazê-las se sentir super empolgadas e motivadas. Para outras, é um verdadeiro pesadelo.
Se você tem algum projeto engavetado há tempos, seja ele qual for, sabe bem do que estou falando, certo?
Afinal, por que será que algumas pessoas lidam com isso com tanta facilidade e, para você, é tão difícil? O que te impede de começar? Não tem o que precisa? Não é o momento certo? O que falta para atingir as condições ideais?
Neste post, discuto como lidar com o medo do fracasso e como superar o medo de errar, desmistificando este processo de forma prática e objetiva.
Para isso, proponho uma reflexão com base em uma história pessoal. Assim, juntos, vamos tentar entender como isso funciona, o que causa e como superar essas barreiras.
Topa o desafio? Então, vamos lá!
Como tudo começou? Uma breve contextualização
Em fevereiro de 2019, tentando superar meus medos e receios de publicar meus textos, escrevi o que considero ser meu primeiro artigo para a internet, intitulado: Como superar o desafio de dar o primeiro passo.
Publicado no LinkedIn, foi minha primeira experiência do tipo, antes mesmo de eu começar a trabalhar como redator. A ideia era justamente utilizar a escrita para elaborar meu receio e, assim, buscar uma forma de superá-lo.
Hoje, na tentativa de transformar este blog em realidade, pensei: “por que não me aprofundar um pouco mais naquele tema e tentar ajudar outras pessoas que, assim como eu, também têm se perguntando como lidar com o medo do fracasso?”
O resultado disso você confere a seguir. Boa leitura e boas reflexões! 😊
Vamos deixar de lado todo aquele “papo motivacional”?
Antes de entrar no assunto propriamente dito, quero deixar uma coisa bem clara: se você está em busca de um “papo motivacional”, que te faça acreditar que “se você quiser muito algo e se esforçar para isso, com certeza irá conseguir”, lamento, pois não é isso que você irá encontrar aqui.
Não tenho a intenção de que este artigo seja entendido como um conteúdo de autoajuda, com o simples propósito de te fazer acreditar que tudo é possível.
Afinal, eu sequer sei qual é o seu sonho ou projeto, como poderia te dar a certeza de que irá dar certo?
Com todo respeito ao saudoso Renato Russo, que no refrão da música “Mais Uma Vez”, diz: “Quem acredita sempre alcança!”, passando a ideia simplista de que “basta acreditar”. Na verdade, sabemos que a vida nem sempre funciona assim.
Então, como ela funciona?
Já que a ideia é adequar nossa reflexão à realidade, vamos tomar emprestada uma frase do grande guru, Craque Daniel, personagem interpretado por Daniel Furlan:
“Se você quiser, se você se esforçar, se você treinar, se você entrar de cabeça, se você se concentrar, nada garante que você vai conseguir.” – Craque Daniel 😅
Nessa mesma linha, o humorista escreveu o livro intitulado: Você Não Merece Ser Feliz – Como Conseguir Mesmo Assim, no qual, de forma ácida e irreverente, aplica essa “filosofia” a diversas situações do quotidiano, quebrando paradigmas e revelando uma perspectiva pouco usual de enxergar o mundo.
Aliás, vale esclarecer que o livro é uma peça de humor, ok? Mas isso não nos impede de discutir e gerar reflexões a partir da obra.
Voltando ao assunto, você deve estar pensando: “então, quer dizer que eu não devo correr atrás dos meus sonhos?”
De forma alguma! Não é isso que a frase diz.
Sem deixar de lado seu caráter humorístico, ela expressa a ideia de que os resultados de nossas ações são incertos. Ou seja, em geral, não temos garantias de sucesso ou fracasso — pelo menos não até tentarmos. Segure essa ideia por um instante, pois ela será importante lá na frente.
Por ora, vamos tentar entender melhor um dos maiores vilões dessa história: a zona de conforto. Como será que ela se encaixa nisso tudo?
O que é a zona de conforto?
Podemos entender a zona de conforto como um estado que nos é familiar, uma rotina, com a qual aprendemos a lidar e já estamos acostumados. Logo, ela não nos causa medo ou ansiedade, e não apresenta nenhum tipo de desafio ou risco.
De fato, é um lugar confortável para se estar.
Porém, vale destacar que, do mesmo modo que não há riscos, também não há progresso. Afinal, nada acontece na zona de conforto. É justamente por isso que nos sentimos confortáveis e acomodados.
Não é à toa que, para aprender a lidar com o medo do fracasso, precisamos sair da zona de conforto, percorrendo uma jornada de crescimento pessoal, em direção ao que chamamos de zona de crescimento. Vamos entender essa jornada adiante.
Quais são os 4 estágios do desenvolvimento pessoal?
Para superar a zona de conforto, precisamos desapegar daquilo que nos impede de seguir em frente: comodismo, autossabotagem, crenças limitantes etc.
Isso, muitas vezes, envolve correr riscos e aprender a lidar com nossos medos e receios. Ou seja, trata-se de uma jornada de autodescoberta.
Assim, podemos dividir o crescimento e desenvolvimento pessoal em quatro estágios. São eles:
1. Zona de conforto
Como vimos anteriormente, a zona de conforto trata-se de um ambiente familiar e sem desafios, no qual nos sentimos seguros, com a situação sob controle. É justamente por isso que ela é tão confortável, pois não apresenta riscos.
2. Zona de medo
Entrar na zona de medo é desconfortável, mas já é um primeiro passo. Nela, nossos medos se acentuam, pois ganham forma e parecem maiores do que realmente são.
É comum nos sentirmos incapazes de avançar, duvidamos de nós mesmos e nos preocupamos excessivamente com o que os outros podem pensar. Logo, ficamos a todo momento arranjando desculpas para voltar para a zona de conforto.
3. Zona de aprendizagem
Neste ponto da jornada a coisa começa a mudar de forma. Já nos conhecemos um pouco melhor e entendemos como nossa zona de conforto funciona.
Graças ao autoconhecimento, nos sentimos capazes, adquirimos novas habilidades, aprendemos como lidar com o medo do fracasso e passamos a encarar os problemas de frente.
Se antes éramos controlados pelos nossos medos, agora somos impulsionados pela expectativa do que há por vir.
4. Zona de crescimento
A zona de crescimento é o quarto estágio do desenvolvimento pessoal. É onde queremos estar.
Neste ponto, encontramos nosso propósito, ou seja, aquilo que nos faz feliz. Nos sentimos encorajados e agimos com determinação. Superamos desafios e, ao alcançar nossos objetivos, traçamos novas metas, a fim de continuar evoluindo.
Contudo, isso não significa que não teremos mais medo de errar. Pelo contrário! O medo de errar é uma constante, com a qual precisamos aprender a lidar.
Para ficar mais claro, preparei um infográfico que mostra a transição da zona de conforto para a zona de crescimento — que é o nosso alvo. Assim, fica mais fácil entender o que caracteriza cada uma delas e como progredir de uma para a outra.
É importante ter em mente que esse não é um caminho linear. Por vezes, mesmo cientes de nosso potencial, vamos sentir medo. Isso é absolutamente normal. O importante é aprender como lidar com isso de forma racional e objetiva.
Todo crescimento envolve risco, por isso, se você quiser sair do lugar em que está hoje, terá que abandonar sua zona de conforto, enfrentar seus medos e superar os desafios que surgirem pelo caminho.
Pode parecer difícil romper com essas barreiras, mas você nunca saberá até onde conseguiria ir se não tentar, certo?
O primeiro passo é olhar ao seu redor e tentar entender a sua situação mais a fundo. E é isso que faremos a partir de agora.
O que te impede de colocar seu projeto em prática?
Essa é uma pergunta para a qual nem sempre temos uma resposta pronta. Às vezes, inclusive, não há motivo algum além do simples receio de não conseguir.
Pare por um instante e reflita sobre as possíveis causas. Falta dinheiro? Recursos? Conhecimento? Se agora não é o momento certo, então quando?
O que muitas vezes confundimos com procrastinação, na verdade é medo. Medo de tentar. Medo de errar. Medo de arriscar e falhar.
Já parou para pensar que algumas dessas barreiras que te impedem de avançar e tirar seu projeto do papel são criadas por você?
Talvez você esteja esperando pelo momento perfeito, pelas condições ideais, ou pelo alinhamento planetário, vai saber… Nisso, você segue adiando seus sonhos.
O momento perfeito jamais irá existir
Posso te contar um segredo? Esse momento ideal, pelo qual você tanto espera, pode nunca acontecer. Isso porque, ele não é algo estático!
Como assim, não é estático? O que isso significa?
Aquilo que chamamos de “momento ideal”, geralmente é baseado em critérios definidos por nós mesmos, certo?
“Quando eu tiver dinheiro o suficiente…”, “quando eu emagrecer…”, “quando eu estiver preparado…”.
Ou seja, NÓS criamos muitas das barreiras que nos impedem de colocar nossos planos em prática.
Se temos essa dificuldade toda para dar o primeiro passo, o que garante que iremos começar quando finalmente atingirmos as condições que estabelecemos?
Aliás, sabe o que é mais provável? Que quando você finalmente chegar perto de conquistar o que deseja, sinta medo e se autossabote, criando novos empecilhos, dobrando a meta, erguendo a barra.
Ou seja, se você ficar esperando o “momento ideal”, nunca sairá do lugar, uma vez que ele se adapta a seus medos. Deu para entender?
Enquanto estiver refém dessa ideia, não importa o número de condições que você atinja, sempre acabará criando novos obstáculos para justificar sua insegurança.
Mas então, o que devo fazer? Simplesmente desistir de tudo?
É claro que não!
Entenda que você não precisa começar com tudo pronto, mas, em algum momento, precisará dar o primeiro passo.
Por exemplo, se seu sonho é correr uma maratona, é óbvio que você não conseguirá fazer isso de uma hora para outra. Mas ficar no sofá assistindo Netflix não irá te colocar mais perto desse objetivo, concorda?
Como lidar com a angústia que nos impede de dar o primeiro passo e tirar uma ideia do papel?
Me permita a licença poética para usar uma frase motivacional, que foi adotada como slogan pela Nike e até virou meme, mas cai como uma luva aqui: Just do it!
Piadas à parte, a ideia é que você comece de alguma forma. Reúna o mínimo que você precisa para começar e siga em frente. Como diz a frase: Apenas faça!
O seu plano pode não estar perfeito, mas se você já tem algumas ideias, coloque-as em prática, teste, experimente. A melhor forma de saber se vai dar certo é tentando.
Só assim você conseguirá identificar os pontos falhos, e terá a chance de consertá-los, aperfeiçoando seu projeto conforme o desenvolve.
Resgatando aquele exemplo da maratona, você pode iniciar com uma caminhada até a esquina. Conforme for sentindo mais confiança, pode aumentar a distância e o ritmo, até começar a correr. Com disciplina e perseverança seu condicionamento físico irá melhorar, e você estará cada vez mais próximo do seu objetivo.
E, se em algum momento precisar mudar os rumos, tudo bem! Não há nenhuma regra que te impeça de fazer isso.
Inclusive, no mundo das startups, esse movimento é conhecido como pivotar, e ele ocorre quando uma empresa muda radicalmente os rumos do negócio, ao perceber que não está no caminho certo.
É claro que você não precisa estar criando uma startup para mudar os rumos dos seus projetos. Podem ser planos mais simples, como correr uma maratona ou criar um blog, como foi o meu caso.
Como eu estou aprendendo a lidar com isso na prática?
O Sobre Nuances é um grande exemplo da reflexão que estou tentando levantar neste texto. Desde muito antes de trabalhar com escrita, eu já curtia o assunto e queria transformar isso em um hobby, foi quando tive a ideia de criar um blog.
Eu não sei ao certo quanto tempo essa ideia ficou engavetada, mas estimo que tenha sido algo em torno de cinco anos ou mais. Desde que surgiu, volta e meia eu tinha alguns insights de conteúdos sobre os quais poderia escrever. O que eu fiz? Comecei a anotar essas ideias em forma de rascunhos.
O tempo foi passando e a quantidade de rascunhos foi aumentando. Eu gostava de escrever, curtia as ideias, mas nunca achava que meus textos eram bons o suficiente. Fora aquela famosa preocupação com “o que os outros vão pensar”.
Comecei a estudar, fiz cursos e, aos poucos, fui aperfeiçoando minha técnica — que ainda tem muito a melhorar. Comecei a trabalhar como redator, e a prática contribuiu significativamente para aprimorar meu desempenho, mas ainda achava que não era bom o suficiente para tirar meu projeto da gaveta.
A virada de chave
Em determinado momento, percebi que se continuasse como estava, o Sobre Nuances jamais existiria. Nada do que eu estava fazendo até então me aproximava do meu objetivo. Eu precisava ao menos tentar. Foi aí que decidi começar com o que eu tinha.
Entre decidir criar o blog e finalmente colocá-lo no ar, muito tempo se passou. Foi um longo período de altos e baixos.
Em alguns momentos, me sentia super empolgado, querendo iniciar logo. Em outros, batia um desânimo, e a vontade de desistir vinha forte.
Até que, finalmente, decidi “pôr a mão na massa” e fazer acontecer. Pesquisei, estudei e, enfim, aprendi como criar um blog.
Quem entende do assunto, consegue fazer isso em algumas horas ou menos. Eu levei muito mais que isso, mas, consegui. E confesso que me sinto orgulhoso de mim por isso. 😊
O momento perfeito chegou ou eu desisti de esperar?
Não considero que o momento perfeito tenha chegado. Para ser sincero, acho que nunca chegaria, pois, como vimos, ele não passa de uma ilusão, fruto dessa nossa mania de se autossabotar e pensar que nunca estamos prontos o suficiente.
O que quero dizer é que, se dependesse do meu perfeccionismo, eu estaria acumulando rascunhos até agora, sem nenhuma perspectiva de iniciar o projeto.
Ainda hoje tenho dificuldade em desapegar e decidir que um texto está pronto, mas chega um momento em que eu SEI que preciso fazer isso.
Aos poucos, vou tocando o projeto, investindo naquilo que percebo que dá certo, corrigindo o que precisa ser melhorado.
Pode não ser perfeito, mas tenho a clareza de que coloco o máximo de mim no que entrego. É o melhor que consigo fazer no momento e fico satisfeito por finalmente estar em movimento.
Eu não sei como será no futuro, se vou dar conta de manter uma frequência de postagens, se as pessoas vão gostar do que leem por aqui. Por ora, sigo tentando.
O medo do fracasso ainda me assombra, mas, se teve uma coisa que aprendi nesta jornada, é que ele não gosta daqueles que tentam e seguem adiante.
O que falta para você colocar seu projeto em prática?
Se você ficar esperando pelo momento perfeito, o tempo vai passar e você não sairá do lugar. É triste, mas é a realidade. A ideia vai esfriar, a vontade vai passar e você continuará na mesma. Tendo isso em vista, o que você perde por tentar?
Enquanto você está cheio de incertezas sobre a qualidade ou relevância do seu projeto, tem gente lá fora fazendo. Gente que talvez nem seja tão qualificada quanto você, produzindo coisas que você seria capaz de produzir, talvez até melhor.
Reclamamos tanto da burocracia do mundo, mas não nos damos conta de que passamos tanto tempo esperando pelas condições ideais, que acabamos nos perdemos em nossa própria burocracia, sempre impondo barreiras a nós mesmos.
Ao menos tente, comece do básico. Você não precisa ter os recursos mais avançados ou a melhor das tecnologias para iniciar.
Comece pequeno e, se no fim das contas perceber que realmente não leva jeito ou que não gosta daquilo, pelo menos você se tornou mais consciente de si.
Porém, se é algo que você realmente quer muito, invista nisso! Invista tempo, dinheiro — se possível e necessário — mas não deixe seus sonhos morrerem sem tentar. Pois é fato que quanto mais fazemos algo, mais nos aperfeiçoamos…
Para finalizar, deixo uma frase de Fernando Pessoa, que tem tudo a ver com o assunto e com o que tentei transmitir com este artigo:
“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?” – Fernando Pessoa
Qual é o seu projeto engavetado?
Não temos como saber se algo dará certo ou não até tentar, mas, por mais difícil que possa parecer, tudo começa com um primeiro passo.
No fundo, todos temos algum projeto que vamos deixando de lado enquanto seguimos nossas vidas. O meu era este Blog, e o seu, qual é? Fala aí nos comentários. Vamos trocar uma ideia. 😉
Gostou deste conteúdo? Então, compartilhe com alguém que você conhece. Quem sabe esse texto possa ajudar essa pessoa a tomar a coragem de dar o primeiro passo, superar o medo de errar e aprender como lidar com o medo do fracasso.